Moda brasileira na era dos mega (análise)
2008 começou o calendário fashion com cara de mercado econômico: só se fala em fusões, aquisições, mega-conglomerados, produtividade, expansão de mercado etc. O motor desta nuance foi o anúncio da compra nas marcas Herchcovitch; Alexandre, Herchcovitch Jeans, Fause Haten, Clube Chocolate e Cúmplice por parte da pela holding Identidade Moda, a I'M (HLDC). O grupo, dos Enzo Monzani e Conrado Will, controla a Zoomp e Zapping desde 2006. Além de anunciarem as novas aquisições, o grupo anunciou a intenção de adquirir mais marcas que sejam complementares no mix de público e life style atendido pela holding. O HLDC, divulgou um crescimento de 38% na primeira linha fundada por Renato Kherlakian desde então. São previstos R$ 22 milhões a serem aplicados em divulgação e ações de marketing do casting do conglomerado.
O anúncio foi a “ponta de um iceberg” já capitaneado por investimentos da AMC Têxtil que adquiriu a Colcci, Sommer, Carmelitas e licenciamento da Coca-Cola Clothing (a marca ainda detém a malharia Menegotti, que deu origem a holding fashion). No caso do grupo Menegotti as operações de aquisições da Colcci e da Sommer resultou na saída de seus fundadores por visões diferenciadas de condução da marca. Lila Colzani (estilista criadora da Colcci) e Marcelo Sommer (fundador da Sommer) acabaram abandonando o posto de diretores criativos. A Colcci, carro-chefe do grupo, vai bem, capitaneado pelo ótimo desempenho fora do Brasil e com forte imagem ancorada na uber model Gisele Bündchen, hoje é uma das maiores franquias brasileiras, com mais de 200 lojas no País e no exterior. No Brasil, está presente em 1,2 mil lojas multimarcas. "Estamos em grande expansão no mercado internacional", diz Menegotti, que teve um acréscimo médio de 45% no faturamento bruto em 2007.
Embora o grupo Menegotti esteja faturando bem, a Sommer com público consumidor muito próximo da Colcci e Coca-Cola Clothing, está amargando perdas no mercado, já que não tem uma mão forte na criação (a estilista Thaís Losso que substituiu o fundador Marcelo Sommer, pediu demissão recentemente) e nem uma clara estratégia de segmentação de mercado.
Contudo, o grupo de diz super contente com as aquisições na área da moda: O grupo não revela a cifra, mas o mercado estima cerca de R$ 400 milhões. Para sustentar seu crescimento, a AMC está investindo em nova fábrica de confecções no município de Itajaí (SC). Os investimentos totais de R$ 35 milhões, dos quais o BNDES participará com 64%, permitirão aumento de 34% na capacidade de produção da empresa. A nova unidade, inicialmente, suportará a transferência de toda a estrutura de fábrica de Brusque, que concentra as atividades administrativas, de criação, corte de tecidos, modelagem e vendas.
Outro grupo que vem se destacando pelas aquisições na área de moda é grupo Marisol (também do Sul). Embora esteja em forte processo de reestruturação, tendo fechado duas fábricas recentemente em Santa Catarina, a Marisol vem mantendo o faturamento na casa dos R$ 500 milhões. Na Europa, inaugurou loja da Lilica Ripilica , na Via de La Spiga, em Milão, um dos endereços de moda mais sofisticados do mundo. Para irradiar o projeto na União Européia, inaugurou em abril loja em Madri, na Espanha, e na cidade do Porto, em Portugal. Com a expansão, são 17 lojas no exterior. No País são 140 lojas em operação com a marca Lilica & Tigor. Já a Rosa Chá conta com 25 unidades no Brasil. No exterior são três e no início de 2008 inaugura mais uma loja em Nova York. Além disso por conta do posicionamento das marcas, o grupo decidiu que a Rosa Chá desfila somente em New York e a Sais (segunda linha da Rosa Chá) ficou no line up da SPFW.
Grupos menores como o de Alberto Hiar, da Cavalera, e hoje detêm a V.Rom, a Richards que adquiriu a Salinas e quer expandir o grupo e, em esquema similar ao da I'M, Nelson Alvarenga e Adriana Bozon passaram a dividir a operação da Ellus neste final de 2007 com o Banco UBS, que comprou o Banco Pactual. A nova holding, chamada In Brands, já possui a Ellus e a 2nd Floor e está negociando com outras marcas que devem ser anunciadas nos próximos dias durante a SPFW. Segundo porta-voz da empresa, a marca entra na negociação com todos os seus ativos e o banco investiu 50% do valor da marca em capital.
Em meados de 2007 o jornal Valor Econômico noticiou a Osklen estaria sendo cobiçada por fundos de investimentos locais e grupos internacionais de moda. Dizem que “entre os interessados estão os brasileiros Pactual Capital Partners (PCP), que recentemente adquiriu a Ellus; o Gávea, de Armínio Fraga; o Artesia que comprou a Le Lis Blanc e um outro fundo nacional, cujo nome não é revelado por Oskar Metsavaht, dono da Osklen.
Portanto, a moda brasileira ingressa na era dos mega conglomerados de negócios na área de moda, a exemplo do mercado internacional de moda, onde estilistas-proprietários e gestores de seus próprios negócios são espécies em extinção.
Porém o que significa tudo isto, quais os desafios para o mercado de moda? A seguir listamos alguns:
a) A moda brasileira pode ficar mais competitiva tanto no mercado interno, quanto no externo;
b) A moda brasileira ganha por fundir criatividade e conhecimento em gestão de negócios, fazendo um casamento que se bem administrado pode catapultar as empresas brasileiras;
c) O desafio é continuar construindo imagens fortes das marcas para que elas não percam a identidade – tarefa bastante difícil num país de memória curta;
d) Os estilistas precisam adequar-se a trabalhar no esquema de negócios, entendendo os desejos do mercado, trabalhando com números e indicadores e ainda sem deixar de perder a essência destas marcas;
e) Logo, logo as semanas de moda nacional sentirão os efeitos de marcas que podem tomar decisões e direcionar o ritmo dos lançamentos no mercado nacional.
f) Os gestores precisam entender as nuances do universo da moda, e principalmente, explorar o potencial das universidades como parceiras para produção de conhecimento e experiências. Existem mais de 100 escolas superiores em moda no Brasil com, praticamente, zero de inserção no mercado. Parceria entre elas e o mercado pode der uma via de mão dupla para profissionalizar o setor, testar novos produtos e serviços e ainda agregar valor a moda nacional. Em tempos de “efeito China”, o conhecimento pode ser o principal elemento diferencial e agregador no mercado global.
O anúncio foi a “ponta de um iceberg” já capitaneado por investimentos da AMC Têxtil que adquiriu a Colcci, Sommer, Carmelitas e licenciamento da Coca-Cola Clothing (a marca ainda detém a malharia Menegotti, que deu origem a holding fashion). No caso do grupo Menegotti as operações de aquisições da Colcci e da Sommer resultou na saída de seus fundadores por visões diferenciadas de condução da marca. Lila Colzani (estilista criadora da Colcci) e Marcelo Sommer (fundador da Sommer) acabaram abandonando o posto de diretores criativos. A Colcci, carro-chefe do grupo, vai bem, capitaneado pelo ótimo desempenho fora do Brasil e com forte imagem ancorada na uber model Gisele Bündchen, hoje é uma das maiores franquias brasileiras, com mais de 200 lojas no País e no exterior. No Brasil, está presente em 1,2 mil lojas multimarcas. "Estamos em grande expansão no mercado internacional", diz Menegotti, que teve um acréscimo médio de 45% no faturamento bruto em 2007.
Embora o grupo Menegotti esteja faturando bem, a Sommer com público consumidor muito próximo da Colcci e Coca-Cola Clothing, está amargando perdas no mercado, já que não tem uma mão forte na criação (a estilista Thaís Losso que substituiu o fundador Marcelo Sommer, pediu demissão recentemente) e nem uma clara estratégia de segmentação de mercado.
Contudo, o grupo de diz super contente com as aquisições na área da moda: O grupo não revela a cifra, mas o mercado estima cerca de R$ 400 milhões. Para sustentar seu crescimento, a AMC está investindo em nova fábrica de confecções no município de Itajaí (SC). Os investimentos totais de R$ 35 milhões, dos quais o BNDES participará com 64%, permitirão aumento de 34% na capacidade de produção da empresa. A nova unidade, inicialmente, suportará a transferência de toda a estrutura de fábrica de Brusque, que concentra as atividades administrativas, de criação, corte de tecidos, modelagem e vendas.
Outro grupo que vem se destacando pelas aquisições na área de moda é grupo Marisol (também do Sul). Embora esteja em forte processo de reestruturação, tendo fechado duas fábricas recentemente em Santa Catarina, a Marisol vem mantendo o faturamento na casa dos R$ 500 milhões. Na Europa, inaugurou loja da Lilica Ripilica , na Via de La Spiga, em Milão, um dos endereços de moda mais sofisticados do mundo. Para irradiar o projeto na União Européia, inaugurou em abril loja em Madri, na Espanha, e na cidade do Porto, em Portugal. Com a expansão, são 17 lojas no exterior. No País são 140 lojas em operação com a marca Lilica & Tigor. Já a Rosa Chá conta com 25 unidades no Brasil. No exterior são três e no início de 2008 inaugura mais uma loja em Nova York. Além disso por conta do posicionamento das marcas, o grupo decidiu que a Rosa Chá desfila somente em New York e a Sais (segunda linha da Rosa Chá) ficou no line up da SPFW.
Grupos menores como o de Alberto Hiar, da Cavalera, e hoje detêm a V.Rom, a Richards que adquiriu a Salinas e quer expandir o grupo e, em esquema similar ao da I'M, Nelson Alvarenga e Adriana Bozon passaram a dividir a operação da Ellus neste final de 2007 com o Banco UBS, que comprou o Banco Pactual. A nova holding, chamada In Brands, já possui a Ellus e a 2nd Floor e está negociando com outras marcas que devem ser anunciadas nos próximos dias durante a SPFW. Segundo porta-voz da empresa, a marca entra na negociação com todos os seus ativos e o banco investiu 50% do valor da marca em capital.
Em meados de 2007 o jornal Valor Econômico noticiou a Osklen estaria sendo cobiçada por fundos de investimentos locais e grupos internacionais de moda. Dizem que “entre os interessados estão os brasileiros Pactual Capital Partners (PCP), que recentemente adquiriu a Ellus; o Gávea, de Armínio Fraga; o Artesia que comprou a Le Lis Blanc e um outro fundo nacional, cujo nome não é revelado por Oskar Metsavaht, dono da Osklen.
Portanto, a moda brasileira ingressa na era dos mega conglomerados de negócios na área de moda, a exemplo do mercado internacional de moda, onde estilistas-proprietários e gestores de seus próprios negócios são espécies em extinção.
Porém o que significa tudo isto, quais os desafios para o mercado de moda? A seguir listamos alguns:
a) A moda brasileira pode ficar mais competitiva tanto no mercado interno, quanto no externo;
b) A moda brasileira ganha por fundir criatividade e conhecimento em gestão de negócios, fazendo um casamento que se bem administrado pode catapultar as empresas brasileiras;
c) O desafio é continuar construindo imagens fortes das marcas para que elas não percam a identidade – tarefa bastante difícil num país de memória curta;
d) Os estilistas precisam adequar-se a trabalhar no esquema de negócios, entendendo os desejos do mercado, trabalhando com números e indicadores e ainda sem deixar de perder a essência destas marcas;
e) Logo, logo as semanas de moda nacional sentirão os efeitos de marcas que podem tomar decisões e direcionar o ritmo dos lançamentos no mercado nacional.
f) Os gestores precisam entender as nuances do universo da moda, e principalmente, explorar o potencial das universidades como parceiras para produção de conhecimento e experiências. Existem mais de 100 escolas superiores em moda no Brasil com, praticamente, zero de inserção no mercado. Parceria entre elas e o mercado pode der uma via de mão dupla para profissionalizar o setor, testar novos produtos e serviços e ainda agregar valor a moda nacional. Em tempos de “efeito China”, o conhecimento pode ser o principal elemento diferencial e agregador no mercado global.
Contribuição de Caroline
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