O que acontece quando uma empresa quebra?
por Marina Motomura
A empresa pode recorrer a uma recuperação judicial, uma espécie de UTI para salvar companhias que não conseguem mais pagar suas dívidas. Mas também há uma possibilidade mais radical: ir direto para a falência e fechar as portas de vez. O exemplo mais atual de uma empresa em estado de penúria total, o da Varig, se encaixa no primeiro caso. Cheia de dívidas, a companhia aérea está tentando se reerguer. Para isso, foi vendida em leilão. A recuperação judicial traz a grande vantagem de evitar o simples fechamento da empresa, mas é um caminho lento - a da Varig teve início ainda em 2005, quando foi aprovada a nova lei de falências. "A recuperação tem como objetivo fazer com que a empresa supere a crise, para garantir os empregos, sua função social", diz o advogado Adibes Burgareli, professor da Universidade Mackenzie, em São Paulo. Com a nova lei, a velha concordata deixou de existir. Agora, com a recuperação judicial, as empresas têm mais opções para sair do buraco.
MicoempresaDono tem até dois anos para sair do vermelho antes de ver seu negócio fechado
http://mundoestranho.abril.com.br/materia/o-que-acontece-quando-uma-empresa-quebra
Recuperação judicial
Quando os credores começam a bater à porta e a empresa não consegue mais pagar as dívidas, o próprio dono pede à Justiça um plano de recuperação judicial
O dono tem até dois anos para tirar as finanças do vermelho. Uma das saídas pode ser a venda da empresa - total ou em parte. A Varig, por exemplo, foi vendida em um leilão
A recuperação também pode rolar com um pedido de maior prazo e condições especiais (juros menores, por exemplo) para pagar as dívidas - era o que fazia a antiga concordata
Outra maneira de a empresa se recuperar é com mudanças na administração. A Justiça pode nomear um novo administrador para organizar a bagunça nas contas
Seja qual for a saída escolhida, se a recuperação judicial funcionar, todos ficam felizes: os credores voltam a receber e os funcionários não perdem o emprego
Falência
Credores da empresa podem ir direto à Justiça pedir a falência, sem esperar a recuperação judicial. Isso só vale a pena se souberem que não há dívidas trabalhistas
A recuperação pode dar errado - o leilão falhar, as mudanças na administração não darem certo... Nesse caso, o juiz decreta a falência da empresa
Com a falência decretada pela Justiça, o dono da empresa é afastado de suas atividades e o juiz nomeia um administrador para cuidar da massa falida da companhia
Todos os bens da empresa, de máquinas pesadas a papel de impressora, são vendidos, através de leilão, propostas fechadas ou pregão. A grana arrecadada é usada para pagar as dívidas
Com o dinheiro arrecadado, a prioridade é o pagamento dos direitos trabalhistas dos funcionários — isso até um valor máximo de cerca de 50 mil reais para cada um
Após o pagamento dos funcionários, os próximos a receber são os bancos. Depois, quem cuida da massa falida, os governos (impostos) e, só por último, os fornecedores — se sobrar dinheiro...
O dono da empresa não pode ser preso por causa das dívidas, nem perde seus bens pessoais - isso só rola se a Justiça descobrir que houve fraudes na administração.
Contribuição de Joana Vilela
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